Jornalista Deivison Ávila - Jornal do Comércio (23/03/11)
"Aos 17 anos – como dizem os antigos, “na flor da idade” -, pude renascer após um grave acidente automobilístico . Por volta das 13h de uma tranqüila segunda-feira no inverno de 1996, o carro que me transportava de Rio Grande, minha cidade natal, até Porto Alegre, onde hoje moro, capotou na BR-116, próximo ao município de Camaquã.
Conseqüências de uma ultrapassagem mal executada e de uma imprudência sem tamanho do condutor do veículo: duas vértebras da região cervical quebradas, três costelas fraturadas e o ombro deslocado.
Após ser removido em uma ambulância sem as mínimas condições de socorro, fui transferido para a Santa Casa de Rio Grande. Ao Chegar lá, fui submetido a novos exames. Só então foi constatada fratura na região do pescoço. Sem titubear, o médico plantonista dirigiu à minha família e a alguns amigos que aguardavam o resultado dos exames as seguintes palavras: “Ele não poderia estar mexendo os pés. A fratura na segunda e na terceira vértebra deveria ter provocado uma tetraplegia”.
Pasmem: 17 anos, filho único e um inconseqüente jovem tetraplégico, que permitiu o amigo acelerar um veículo até as piores conseqüências, submetendo seus pais a uma vida dependente para sempre. Quis Deus, uma força superior ou o destino, que milagrosamente a minha medula não tivesse rompido. A medula é semelhante a uma fina cartilagem como as que formam a espinha dos peixes. Com o perdão do trocadilho, literalmente, salvo por um fio.
Após 135 dias, utilizei um halo-colete – aparelho que imobiliza a região cervical – até a reconstituição total da vértebra. Foram mais de quatro meses sem tomar um banho de chuveiro, sem sair para a noite com os amigos e limitando meus pais a dezenas de compromissos sociais. Sei que tudo isso não significa nada comparado ao valor que nós e as pessoas que nos cercam devemos dar as nossas vidas. Então, pergunto: qual o valor que damos a nossa vida?
Passados 15 anos do fatídico dia 24 de junho de 1996, digo a todos que quando vejo uma ultrapassagem forçada, um carro em alta velocidade ou, simplesmente, um condutor que não aciona a seta para virar à esquerda ou à direita, isso me indigna. Mas, antes de nos indignarmos ou esbravejarmos, é preciso parar um pouco para refletir: o que eu devo fazer para melhorar meu comportamento no trânsito e quanto vale não só a minha vida, mas a de todos que declaram uma batalha diária nesta selva apelidada de rua ou estrada? "
Conseqüências de uma ultrapassagem mal executada e de uma imprudência sem tamanho do condutor do veículo: duas vértebras da região cervical quebradas, três costelas fraturadas e o ombro deslocado.
Após ser removido em uma ambulância sem as mínimas condições de socorro, fui transferido para a Santa Casa de Rio Grande. Ao Chegar lá, fui submetido a novos exames. Só então foi constatada fratura na região do pescoço. Sem titubear, o médico plantonista dirigiu à minha família e a alguns amigos que aguardavam o resultado dos exames as seguintes palavras: “Ele não poderia estar mexendo os pés. A fratura na segunda e na terceira vértebra deveria ter provocado uma tetraplegia”.
Pasmem: 17 anos, filho único e um inconseqüente jovem tetraplégico, que permitiu o amigo acelerar um veículo até as piores conseqüências, submetendo seus pais a uma vida dependente para sempre. Quis Deus, uma força superior ou o destino, que milagrosamente a minha medula não tivesse rompido. A medula é semelhante a uma fina cartilagem como as que formam a espinha dos peixes. Com o perdão do trocadilho, literalmente, salvo por um fio.
Após 135 dias, utilizei um halo-colete – aparelho que imobiliza a região cervical – até a reconstituição total da vértebra. Foram mais de quatro meses sem tomar um banho de chuveiro, sem sair para a noite com os amigos e limitando meus pais a dezenas de compromissos sociais. Sei que tudo isso não significa nada comparado ao valor que nós e as pessoas que nos cercam devemos dar as nossas vidas. Então, pergunto: qual o valor que damos a nossa vida?
Passados 15 anos do fatídico dia 24 de junho de 1996, digo a todos que quando vejo uma ultrapassagem forçada, um carro em alta velocidade ou, simplesmente, um condutor que não aciona a seta para virar à esquerda ou à direita, isso me indigna. Mas, antes de nos indignarmos ou esbravejarmos, é preciso parar um pouco para refletir: o que eu devo fazer para melhorar meu comportamento no trânsito e quanto vale não só a minha vida, mas a de todos que declaram uma batalha diária nesta selva apelidada de rua ou estrada? "
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